Quando não te restam palavras,
Quando não te restam caminhos,
O que te resta?
Lágrimas, dores?
Resta-te aquilo
Que outrora te fez substância.
Desejo.
Resta-te aquilo,
Que por mais monstruoso,
Duro, doloroso,
Te faz ser o que és.
Ser-desejante.
Desejos assombram.
E, porque assombram,
São de uma beleza sem igual.
Olha teu desejo
Como aquele que nada sabe,
Como aquele que sabe,
Que jamais irá saber,
Mas, olha!
E sustenta aquilo que te faz ser
Vivo, morto,
Belo, feio,
Incompleto.
Permite ser aquilo o que és:
A impossibilidade de ser
Em sua plena completude.