Desde sempre quis ser escritora. Lembro de achar um diário antigo onde tinha anotado o que queria ser quando crescer: psicóloga, artista e escritora.
Nunca soube muito bem por onde começar a escrever, mas sabia que uma das minhas grandes paixões era a literatura.
Me perdia nas palavras, conhecia novos mundos, e a cada livro novo parecia que uma nova possibilidade de existir estava ao alcance de minhas mãos.
Comecei a escrever numa tentativa desesperada de colocar a dor para fora. Circular, dar forma, fazer caber entre letras e vazios.
Escrevia na pele o que nem tinha palavra. Até entender que palavra a gente inventa e ainda assim nunca vai dar conta de fazer o mundo todinho caber nelas.
Hoje, em meio a travessia, estou aprendendo a brincar de inventar palavras. Colocar letra de ponta cabeça, espaços duplos…
Palavras e línguas parecem roupa, que a gente veste e desveste, onde a gente passeia entre silhuetas e buracos.