quinta-feira, dezembro 14, 2006

Sobre a dor.

Dói perder uma pessoa que amamos muito.
Dói perder alguem que mesmo estando presente, nao está.
Dói saber que o mundo por mais que queiramos, se torna cada dia pior.
Dói sofrer.
Mas talvez nao haja dor maior, do que a dor de perder uma parte de você, uma parte de sua alma.
E dói tanto que nenhuma dor no mundo é maior,
que nenhuma consegue substituir,
que nenhuma consegue esconder.
É a dor de se perder de si.

domingo, dezembro 10, 2006

Sobre o dia de hoje.

Nao escrevo para que possam ler. Nem para que mudem de opiniao, nem para que aceitem minha opiniao. Escrevo porque preciso descarregar minhas dores mais particulares. Porque diante de tanta falta de humanidade, é mesmo com 'o nada' a melhor forma de falar, e ouvir. Escrevo porque por mais que eu tente retirar sentimentos grudados em minha psique, e cola-los na tela de um monitor, sei que eles se registram, nao se apagam, e isso me tras muita aflicao. Acho que escrevo porque as vezes dói mais do que posso aguentar.
Mas hj, estou escrevendo porque preciso dissipar a energia que meu corpo nao consegue liberar. A energia da raiva, da dor, e do desejo pelo que nao se deve desejar. Hj escrevo especialemente porque dói. Porque voltei a entrar em contato com a parte do meu infinito que parecia ter se tornado mais e mais infinito. Porque por mais que a gnt ache que eles nao tem razao, mas somos um nada; dentro de um enorme misterio, uma interrogacao que se fundiu com uma imensa bola de nada.

É. Sim, sim. Ele tinha razao.

"Do nada ao nada, o nada se transforma." [independente do que venha se transformar, o nada tambem se transforma.]

E hj, nao escrevo. Apenas busco justiificativas.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Sobre um coração perdido no tempo.

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

Fernando Pessoa, 2-8-1933

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Sobre a janela do 'Sto Inácio'.

De la podia ver todo o mundo.. olhava o ceu, as arvores.. O vento batia no meu rosto, e finalmente, eu me sentia viva. O sobre o céu.. ah.. o céu estava lindo. Azul. Brilhante. Grande. Infinito. Um 'céu' digno de um céu. Olhei mais uma vez as nuvens. Branquinhas, lindas! Espalhadas. Leves... Quando me dei conta de toda aquela beleza, feita pra mim, me perguntei: 'Cadê Deus?' A duvida ecoou durante longos minutos, e depois de muita admiração, achei uma resposta convincente. Deus estaria dentro de mim. Mas por que eu me sentia tão presa? Tao dolorida? Se Deus é Deus mesmo, ele talvez nao proporcionasse isso. Lembrei-me da Cecilia Meirelles numa cronica sobre a liberdade. Ah, liberdade.. Mas, o que seria a liberdade? Só me recordo de dizerem sempre que somos livres, em contituição, em escolha, em sonhos.
Livre, porem, presos pelos infortunios da vida.
E mais uma vez voltei a olhar a janela.. O sol lindo.. chegava a me cegar de tao brilhante.
E o céu, e as nuvens, e tentei mais uma vez me sentir viva, afinal sabia que quando tudo terminasse, estaria de volta à janela do 'Sto Inácio'.
"Nessa terra de gigantes
que trocam vidas por diamantes.."

sábado, novembro 25, 2006

Sobre uma falta I.

Por que será que a humanidade foi perdendo ao longo do tempo valores tao preciosos? Acabo de ler um livro* que me deixou profundas duvidas. Ou seriam certezas? As vezes acho que nunca vou encontrar pessoas que pensem como eu.. so em livros, poesias, sonhos.. nao sei se a cada dia que se passa eu me perco dos outros, ou me encontro comigo mesma, com a essencia que produz vida dentro do meu ser. Nao que eu me sinta 'de outro mundo', mas parece que as pessoas vivem numa busca desenfreada por estar sempre correspondendo aos outros, ou, sempre se pondo a margem.
Nao há mais uma preocupacao com o aspecto sagrado da coisa.. E sagrado no sentido maior, desde o movimento do ar entrando em nossas narinas, chegando aos pulmoes, ate o instante em que ele sai.. levando consigo nem que seja moleculas de gases que nao mais nos servem.
E ai penso nas milhares de coisas que deixamos escapar numa fracao de minuto de uma entrada e saida de ar.. é certo que nao chego a conclusoes plausiveis, mas as vezes, alias, as vezes nao, SEMPRE acabo me frustrando pq estamos deixando de ser gente pra sermos maquinas.. ou algo parecido.
Pessoas nao se tocam, pessoas nao se 'ouvem', pessoas nao se conhecem.. talvez, convivam.. Nao, nao.. conviver é demais!
Sinto falta de sensibilidade, toque, olhar. Sinto falta de nao ter pessoas que estejam ao meu lado, e que percebam os 'instantes magicos' da vida, a beleza de uma poesia, a transcendencia das emoções. Sinto muita falta mesmo. Isso até me lembrou uma musica.. "É preciso amor pra poder pulsar / É preciso paz pra poder sorrir / É preciso chuva para florir" [Tocando em frente - Maria Bethania]


*Onze minutos, de Paulo Coelho.

Sobre 'o futuro de uma ilusão'.

Tem dias que a gente acorda e do nada [que na verdade nao é tao do nada assim] nos deparamos com certos conflitos internos. O meu de hj, alias, hj nao, já ha uns dias, é sobre a Amizade.
Ate que ponto sabemos qual é o verdadeiro sentido da palavra amizade?
A vida passa, a roda do mundo gira, mas infelizmente o homem ainda nao soube contruir um julgamento de valor plausivel a sentimentos, que por ora nos parecem ser tao complexos.
Amor.. Amizade.. "Fraternidade"..
Fomos evoluindo tanto, criando e remontando milhares de coisas.. quase criamos "gente como a gente", mas, nao aprendemos a contruir pontes, a realizar desejos, e o principal: cultivar valores. Dói saber que nas futuras geracoes, talvez sentimentos ja nao sejam tao importante, mas sim, irrelevantes ao ponto de se poder "produzir-los".
Talvez o Prozac exemplifique bastante isso..
Estamos nos perdendo ao longo da estrada que talvez jamais tenha volta.. porque qd perdemos a nós mesmos, quando perdemos nossa integridade, nada mais nos resta.



Meu Deus, me dê a coragem

Meu Deus, me dê a coragem

de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
meu pecado de pensar.

[Clarice Lispector]

domingo, novembro 19, 2006

Sobre o viver.

As vezes acho que.. Nao acho. Penso.
As vezes penso que.. Nao penso.
Sinto.
Sinto falta, ausencia, vontade.
Sinto vontade.
Daí sinto medo, desespero, e volto.
Volto a achar que..
E nao acho.
E vivo sempre a pensar.
Pensar. Pensar.
E algumas poucas vezes, a sonhar.