quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Sobre o buraco negro ocular.

Seus olhos são uma eternidade
embebidos de ternura e luz.
Dentro deles transcendo-me
numa vibração indescritível
como num extase profundo
onde não sei mais quem sou,
por que estou, ou cheguei.
Sinto-me leve
e ao passo que penetro em você
me perco em seu infinito
e me acho dentro daquela imensidão.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Sobre uma volúpia surreal.

Sinto vc aqui, tão perto..
Seu cheiro, seu jeito, seu universo
Cada parte sua em mim.
Sinto tua pele, teu corpo.
E como num instante de volúpia ardente,
Teus labios me cercam,
Puros, macios, vermelhos, molhados.
Percorrem toda a extensao do meu ser.
Sinto sua superficie sobre a minha
O calor, a doçura, a intensidade.
Sinto teu sangue pulsar,
Sua respiração cada vez mais rápida..
Ouço sussuros..
Eram vozes, gemidos, sinetas..
Palavras e sons perdidos naquela imensão.
E tuas mãos..
Como eram leves as tuas mãos!
Dedos que passeavam livres,
À procura do tudo e do nada.
À procura de um paraiso a ser descoberto.
Sentia você cada vez mais.
O toque, o beijo, os olhos..
A sua ternura infinita transbordava.
Somente as estrelas nos fitavam,
Tranformando-nos numa existência absoluta
E ali, sob a luz do luar nos tornamos unos
Eu era voce.
Voce era eu.
Eramos donos de uma unica singularidade
Dentro daquela breve imensidão..
Um só corpo
Uma so alma..
Apenas eternidade.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Sobre a dor II.

Hoje preciso escrever palavras cruas, sem sentimentalismo e com uma pitada extra de dor. Ando pensando bastante sobre o significado de várias coisas que acontecem ao longo de minha tragetória.. Enfim, nunca chego a conclusão nenhuma, mas nada como uma reflexão! Alias, hoje o titulo poderia ser "Reflexões sobre...", mas não chegaria a lugar algum, já que são todas meras reflexões. Eu nao sei explicar porque sinto tanta falta de velhas agulhas, de velhas dores, em meio a um mundo tao grande. E quão vasto é ele. Por muito tempo as agulhas foram a minha única companhia, tanto que nem lembro mais quando consegui encontrar essa ultima e tão estimada. Mas lembro do dia que a perdi. Nao era frio, feio, amargo. Era simplesmente indolor. Perdi a capacidade de sentir as dores das picadas, o gosto pelo sangue escorrido, e o prazer da cicatrização! Estranho! Estranho também estar contruindo essas metaforas. Perder, deixar de ter. E por muito tempo vaguei pelo desconhecido.. Conheci mundos novos, realidades simultaneas, mas nao encontrei algo que me proporcionasse a dor das agulhas. Acho que no fim das contas, eu queria a dor, mesmo ela sendo uma "dor". A necessidade do incomodo, da aflição, do bem-mal-estar. E numa linda noite de lua cheia, sinto tanto frio que mal posso soletrar palavras que tanto amo dizer. O frio foi mais forte do que o desejo inconsciente daquela dor que não tenho. Que foi embora tao discreta e silenciosamente, tanto que eu nem percebi. Escorreu. Caiu. Sumiu. Talvez não haja coisa mais linda e mais forte do que a dor. A dor de ter, a dor de sentir, a dor de existir, a dor de renascer.. A Dor que move o mundo, a vida, e a morte. É possivel que esteja na dor grande parte do que somos e do que seremos. Porque sei que era a dor daquela agulha que me movia contra as redomas da existência, e da desistência, aquela dor tao fina, singular e uniforme.
E aonde está, não sei.
Sinto falta dela.
Dói não ter dor.