sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Sobre a dor II.

Hoje preciso escrever palavras cruas, sem sentimentalismo e com uma pitada extra de dor. Ando pensando bastante sobre o significado de várias coisas que acontecem ao longo de minha tragetória.. Enfim, nunca chego a conclusão nenhuma, mas nada como uma reflexão! Alias, hoje o titulo poderia ser "Reflexões sobre...", mas não chegaria a lugar algum, já que são todas meras reflexões. Eu nao sei explicar porque sinto tanta falta de velhas agulhas, de velhas dores, em meio a um mundo tao grande. E quão vasto é ele. Por muito tempo as agulhas foram a minha única companhia, tanto que nem lembro mais quando consegui encontrar essa ultima e tão estimada. Mas lembro do dia que a perdi. Nao era frio, feio, amargo. Era simplesmente indolor. Perdi a capacidade de sentir as dores das picadas, o gosto pelo sangue escorrido, e o prazer da cicatrização! Estranho! Estranho também estar contruindo essas metaforas. Perder, deixar de ter. E por muito tempo vaguei pelo desconhecido.. Conheci mundos novos, realidades simultaneas, mas nao encontrei algo que me proporcionasse a dor das agulhas. Acho que no fim das contas, eu queria a dor, mesmo ela sendo uma "dor". A necessidade do incomodo, da aflição, do bem-mal-estar. E numa linda noite de lua cheia, sinto tanto frio que mal posso soletrar palavras que tanto amo dizer. O frio foi mais forte do que o desejo inconsciente daquela dor que não tenho. Que foi embora tao discreta e silenciosamente, tanto que eu nem percebi. Escorreu. Caiu. Sumiu. Talvez não haja coisa mais linda e mais forte do que a dor. A dor de ter, a dor de sentir, a dor de existir, a dor de renascer.. A Dor que move o mundo, a vida, e a morte. É possivel que esteja na dor grande parte do que somos e do que seremos. Porque sei que era a dor daquela agulha que me movia contra as redomas da existência, e da desistência, aquela dor tao fina, singular e uniforme.
E aonde está, não sei.
Sinto falta dela.
Dói não ter dor.

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